27 junho 2007

da tristeza




como te deixar, tristeza
se não abandonas os riscos nos meus olhos
e os traços tristes nos meus lábios,
as sombrancelhas caídas
e os tristes devaneios
— as tristes saudades?

como te largar, ou te fazer perder de mim
se em mim te encontro
a cada reflexo no espelho
a cada mirada na manhã
a cada poente do sol?

como te esquecer, quando em mim
revoam pássaros descaminhados
e cantores obstados
e filmes no negativo?

diz-me tristeza
o que fazer para que te vás
e não voltes atrás
desses olhos que tanto te perscrutaram
e se enviesaram em rotas tão complexas
em que não se vê saída nem chegada
onde não se escuta mais que o compasso
lento e arritmado desse peito comprimido
que valsa, sem naturalidade
nos átrios de um coração vadio

diz-me ou manda-me embora:
— é melhor que eu vá agora
e desaprenda para sempre
amar-te como amei.

um triste adeus eu hei de dar.
um aceno vazio; a mão no ar.

adeus, tristeza, adeus.


f.



3 comentários:

juj disse...

a mão no ar, sacolejando livremente ao som de uma animada melodia.
tiro e queda!
;)

Fabio Issao disse...

não chore, dance. se dançar, não chore. se chorar, dance. dance, dance, dance. anime-se!

karma disse...

hay que aprender a vivir con la tristeza, y con la nostalgia